Vocação Laical
“Os leigos, em virtude de sua consagração a Cristo e da unção do Espírito Santo, recebem a vocação admirável e os meios que permitem ao Espírito produzir neles frutos sempre mais abundantes. Assim, todas as suas obras, preces e iniciativas apostólicas, vida conjugal e familiar, trabalho cotidiano, descanso do corpo e da alma, se praticados no Espírito, e mesmo as provações da vida, pacientemente suportadas, se tornam ‘hóstias espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo’ (1Pd 2,5), hóstias que são piedosamente oferecidas ao Pai com a oblação do Senhor na celebração da Eucaristia. É assim que os leigos consagram a Deus o próprio mundo, prestando a Ele, e toda parte, na santidade de sua vida, um culto de adoração” (Lumen Gentium, n. 34).
Seguindo a dinâmica do mês dedicado à oração pelas vocações a Igreja, neste quarto domingo do mês de agosto, reza pelas Vocações Leigas, por todos os irmãos e irmãs que se dedicam a propagar o Reino de Cristo por meio do testemunho de sua vida, trabalho missionário e pastoral. Somos chamados a rezar também, de modo especial, pelos Catequistas, estes leigos e leigas que se dedicam à instrução na fé de jovens, crianças e adultos, rogamos ao Espírito Santo que os abençoe e fortaleça diante deste grande desafio fé num mundo tão incerto.
Os fiéis leigos, colaborando com seus pastores, levam a mensagem divina da salvação, e “[…]é somente por meio deles que os homens podem ouvir o Evangelho e conhecer a Cristo” (Catecismo da Igreja Católica, n. 900).
A missão do leigo parte do princípio de que pelo Batismo são incorporados a Cristo, fazem parte do Povo de Deus, e tornam-se ainda membros do Corpo de Cristo que é a Igreja, e como membros são participantes do múnus (missão) sacerdotal, profética e régia de Cristo, que permanece no tempo exercendo essa missão por meio da Igreja. Todos os fiéis, unidos aos sacerdotes ordenados, porém de maneira distinta deles, vivem no mundo esse tríplice múnus (tria munera) de Cristo, essa tríplice missão em seu estado de vida a partir do qual procuram implantar o Reino de Deus, impregnando na sociedade e em seus diversos âmbitos aquilo que são exigências da fé cristã.
Eles participam do múnus sacerdotal de Cristo na medida em que colaboram direta ou indiretamente na santificação dos irmãos, os pais quando educam os filhos na fé, quando mantém o espírito cristão em seu relacionamento, quando por meio de Ministérios Extraordinários (Eucaristia, Palavra, Batismo) auxiliam na missão dos bispos e sacerdotes no ministério dos sacramentos.
Jesus em seu múnus sacerdotal santifica os irmãos e também se oferece como vítima em favor deles, assim também participa desse ministério o leigo quando oferece sua vida, sofrimentos e orações, unindo-se ao sofrimento de Cristo pelos irmãos e quanto ora intercedendo pelos outros diante de Deus.
Colaboram com múnus profético quando testemunham com sua vida as verdades da fé e a Palavra de Deus. Um belo testemunho é dado pelos Catequistas, pregadores, Ministros Extraordinários da Palavra e tantos fieis intercessores que entre as famílias partilham a Palavra de Deus e o anunciam com cuidado e amor.
Cristo é Rei pois vence o reinado da morte e do pecado, quando se unem a Cristo nessa luta os leigos também participam de seu múnus régio. Luta que se dá constantemente na vida de todos os que buscam a vida de santidade, procuram vencer os vícios e as inclinações da carne. Cada um é chamado a ser dono de si mesmo, submetendo o corpo à alma, lutando contra as paixões desordenadas, para que possa ser uma pessoa livre. Os leigos colaboram com esse fortalecimento do homem e de seu caráter quando buscam impregnar os valores morais em sua cultura e em todas as suas obras.
O múnus régio de Cristo também diz respeito ao governo da Igreja, nesse governo os leigos colaboram na medida em que apoiam e auxiliam seus pastores, mas podem também exercer ministérios eclesiais mais diretamente ligados a ele participando de conselhos, direção de comunidades, conselhos econômicos e comissões, nos quais colocam seus dons a serviço do reino de Deus, pelo bem da comunidade.
A vivência do leigo pode ser rica e extensa na Igreja, na sociedade e no mundo, ele é chamado a levar Cristo aonde muitas vezes o ministro ordenado não consegue alcançar, em seus trabalhos, escolas, hospitais, nos mais diversos ambientes de nossas sociedades e nele ser fermento da propagação do Reino de Deus. O ministério do leigo deve ir muito além do simples trabalho pastoral, mas ser um testemunho de vida autenticamente cristã e de busca pela santidade em seu estado de vida.
Ministério do Catequista
No ano de 2021 tivemos a grande alegria de receber um documento da Igreja sobre o ministério do catequista, a Carta Apostólica do Papa Francisco Antiquum ministerium, nela o papa ressalta a importância do Ministério do Catequista ao longo dos séculos e também nos dias de hoje.
Os Catequistas são leigos e leigas que, por seu ministério, colaboram com o múnus profético dos pastores, dedicando de maneira mais especial à instrução daqueles batizados que se preparam para os sacramentos da Comunhão e Crisma. Instruindo os catecúmenos quanto as verdades da fé, “Transmitem permanentemente, e associados com as várias circunstâncias da vida o ensino dos Apóstolos e Evangelistas” (Dei verbum, n. 8).
São os Catequistas verdadeiros vocacionados, assim o Papa lembra que os catequistas devem viver aquilo que pregam Gal 6,6, sendo o seu exemplo de vida cristã uma forma de mostrar as verdades da fé, assim eles devem resplandecer “[…] a comunhão de vida como característica da fecundidade da verdadeira catequese recebida” (Antiquum ministerium, n. 2).
Muitos foram os catequistas que deram esse testemunho de vida e santidade, chegando até a oferecer sua vida em prol da missão e da verdade que professaram.
Todos os leigos e as leigas podem se comprometer com o ministério catequético em sua Igreja e paroquial, e devem auxiliar e incentivar para que cada vez mais pessoas possam assumir tal missão e ter os meios necessários para cumpri-la.
Tudo isso une o ministério do catequista à vida eclesial, e prolonga, por suas mãos, a missão de toda a Igreja. Assim o catequista instrui e educa em nome da Igreja e fortalece e alimenta sua espiritualidade e identidade por meio da oração, o estudo e a participação na vida direta da comunidade, assim é capaz de ensinar e inserir seus conduzidos com amor nessa mesma comunidade (Diretório de Catequese, n. 113).
O Papa ainda destaca que o catequista hoje deve levar a mensagem de Cristo, que é a mesma dada durante os séculos, e professar a verdade de fé que é única, mas deve enfrentar os desafios contemporâneos para que essas verdades cheguem aos ouvidos de seus catequisandos de maneira atual, deve ter responsabilidade e entusiasmo, deixar-se guiar pelo Espírito Santo para que seu ministério seja presença fecunda.
REFERÊNCIAS
Carta Apostólica Antiquum ministerium.
Catecismo da Igreja Católica.
Constituição Dogmática Lumen Gentium.
Diretório para a Catequese.
Por Seminarista Isack Oliveira Pinto